Com uma das políticas públicas mais bem elaboradas dos EUA, plano climático de Nova York pretende alcançar a meta primeiro, apesar da forte resistência da indústria de gás e petróleo.

Painéis solares em todos os telhados. Parquímetros que funcionam como carregadores de carros. Turbinas de vento que se elevam acima dos campos agrícolas e das ondas de oceano. Carros, aquecedores e fábricas convertidos para funcionar com eletricidade de fontes renováveis.

Uma nova lei assinada pelo governador de Nova York, Andrew Cuomo, define as metas mais agressivas do país para reduzir as emissões de carbono e tem a intenção de promover mudanças drásticas nos próximos 30 anos. Ela estabelece que toda a eletricidade do estado venha de fontes renováveis ​​e livres de carbono, como solar, eólica e hidrelétrica. Sistemas de aquecimento de edifícios e transportes também funcionariam com eletricidade limpa, em vez de petróleo e gás.

Mas enquanto os objetivos da legislação assinada na quinta-feira são claros, detalhes sobre como alcançá-los são indeterminados. Não está claro quanto vai custar toda essa mudança, ou mesmo se tudo é tecnicamente viável.

6 motivos para se apaixonar pela energia solar em Petrolina

Resistência da indústria de gás e petróleo

Alguns críticos chamam o plano de impraticável.

“Isso exigiria a implantação maciça de sistemas de energia eólica terrestre e marítima, o que vai ser extremamente caro”, disse Robert Bryce, especialista em energia do Instituto Manhattan, um grupo de pesquisas conservador. “Você já tem oposição local à energia eólica terrestre que impediu a capacidade do estado de desenvolver qualquer novo recurso”.

A Lei de Liderança Climática e Proteção Comunitária requer que o estado reduza as emissões de gases do efeito estufa para 85% abaixo dos níveis de 1990 até 2050 e compense os 15% restantes com medidas como o plantio de florestas e captura de carbono para armazenamento subterrâneo.

Um novo Conselho de Ação Climática do Estado de Nova York, com 22 membros, terá três anos para apresentar um “plano de escopo” para recomendar funções, regulamentações, incentivos e outras medidas.

A lei exigirá que as concessionárias obtenham 70% da eletricidade do estado a partir de fontes renováveis ​​até 2030. No ano passado, 26,4% vieram de fontes renováveis, segundo um relatório da New York Independent System Operator, a corporação sem fins lucrativos que administra a rede elétrica do estado.

“A legislação vai moldar a forma como vivemos, trabalhamos e nos desenvolvemos”, disse Peter Iwanowicz, diretor executivo da Environmental Advocates de Nova York, que apóia o plano. “Ele transiciona a economia do estado de Nova York inteiramente de combustíveis fósseis para um alimentado por energia renovável”.

Grandes parques eólicos ao largo da costa de Nova York e Long Island estão planejados para ajudar na transição para a energia verde.

Combinados, os dois parques eólicos terão uma capacidade de 1.700 megawatts, o suficiente para abastecer cerca de 1 milhão de residências, disse Cuomo na assinatura, onde se juntou ao ex-vice-presidente Al Gore.

“Esta é a legislação mais ambiciosa e mais bem elaborada do país”, disse Gore sobre os novos alvos do Estado.

Metas ambiciosas à vista

O projeto de lei prevê 9.000 megawatts de capacidade eólica terreste até 2035. Ele também exige 6.000 megawatts de capacidade solar até 2025, cinco vezes a quantidade atual, e 3.000 megawatts de capacidade de armazenamento de energia até 2030.

O Conselho de Ação Climática provavelmente pedirá novos códigos de construção para aumentar a eficiência energética e exigir sistemas de aquecimento e resfriamento usando bombas de calor elétricas que transferem calor entre ambientes internos e externos. Pode haver incentivos para reequipar casas e edifícios existentes. A Câmara Municipal de Nova York aprovou nesta primavera uma lei climática agressiva que exigiria o reequipamento de edifícios para eficiência energética, com pesadas multas para os proprietários que não a cumpram.

Como o transporte representa um terço das emissões do estado, o conselho climático provavelmente pedirá uma expansão do transporte de massa e uma mudança rápida para veículos elétricos, que o estado agora promove com reembolso e investimentos na tarifação da infraestrutura.

Ken Girardin, analista de políticas do Empire Center para Políticas Públicas, um subproduto do Instituto Manhattan, calcula que a construção eólica no mar custará mais de US$ 48 bilhões adiantados e US$ 1 bilhão em custos operacionais anuais. Pelo menos 56 quilômetros quadrados de painéis solares serão necessários para atingir a meta de 2025 de 6.000 megawatts de capacidade fotovoltáica, disse Girardin.

Mas os custos das instalações eólica e solar estão caindo, disse Michael Gerrard, diretor do Centro Sabin para Legislação em Mudanças Climáticas da Universidade de Columbia. “É muito mais econômico construir grandes quantidades de energia eólica e solar do que até três ou quatro anos atrás”, disse ele.

Mark Jacobson, especialista em energia da Universidade de Stanford, liderou um estudo de 2013 descrevendo como Nova York poderia fazer a transição para 100% de energia renovável até 2030. Ele imaginou 4.020 turbinas eólicas terrestres espalhadas em 1,5% da área terrestre do estado – 2.118 km². E fazendas solares cobririam 1.199 km².

Cerca de um terço a menos de terra seria necessário com a tecnologia de hoje, disse ele, mas a construção ainda seria surpreendente – especialmente em um estado onde a terra é cara e a oposição local tem bloqueado tais projetos.

Novas linhas de transmissão, que também geram oposição local, seriam necessárias para vincular novos projetos de energia eólica e solar à rede elétrica.

“Isso definitivamente vai custar aos contribuintes muito mais por eletricidade confiável”, disse Gavin Donohue, presidente da Produtores Independentes de Energia de Nova York, cujos membros produzem três quartos da eletricidade do estado. Ele disse que as plantas de gás natural eficientes e de baixa emissão, construídas nos últimos 10 anos, são necessárias para manter as luzes acesas.

“Dizer que não teremos nenhum combustível fóssil até 2050 é um absurdo”, disse Donohue. “Não vamos ter aviões ou carros movidos a gás? Todo mundo vai ter que reequipar suas casas?”

Outros estados liderados pelos democratas aprovaram leis para reduzir as emissões de gases de efeito estufa em resposta aos esforços do governo Trump para reverter as regulamentações sobre usinas de energia e veículos. Nova York é o sexto estado a exigir 100% de fontes renováveis ​​de energia nas próximas décadas, depois do Havaí, Nevada, Novo México, Washington e Califórnia. Mas o plano de Nova York chegará primeiro.

“É uma das leis de mudança climática mais fortes do mundo”, disse Gerrard. “É um trabalho pesado, mas não tão difícil quanto lidar com os efeitos da mudança climática severa se a ação não for tomada.”

+++